segunda-feira, 12 de maio de 2025

FLASH BACK

▣: on instagram

♊: na pasta Radio on Rain do Player Pro

Fade On - Mazzi Star ()
If illl try - Alan Jackson (▣)
Don't Know Whay - Norah Jones ( | | )
What's a Woman - Vaya con Dios (▣)
Return of Innocence - Enigma (▣)
Odd to My Family - The Cranberries (▣)
I started Joke - Robb Gibb (▣)
I want It That Way - Backstreet Boys (▣)
Shiny Happy People - R.E.M. (▣)
The Poor Side of Town - Jonny Rivers (▣)
I'm With Yout - Avril Lavigne (▣)
Feel Good Inc. - Gorillaz (▣)
Do You Remember - Phil Collins (▣)




















The Year of the Cat - Al Stewart
All Through the Night - Cindy Lauper ()
Blow Away - George Harrison
Mmmbop - Hanson
Rock the Boat - Hues Corporation
Lonely People - America
Everything I Own - Bread.
There She Goes - Sixpence None The Richer ()
Handy Man - James Taylor (♊ | )
The Way It Is - Bruce Hornsby (♊ | )
Back on the Road - Joe Egan ()
It's Raining Again - Supertrump (♊ | )
Year of the Cat - All Stewart ()
Slow Dancing - Jonnhy Rivers ()
Somebody - Bryan Adams (▣)
For You Babies - Simply Red (▣)
The Crying Game - Boy George (▣)
Keep on Rising - Ian Carey (▣)
To Love Somebody - Bee Gees (▣)
F... Comme Femme - Salvatore Adamo (▣)
Guiter Man - Bread (▣)
Woman - John Lennon(▣)
It Might Be You - Stephen Bishop (▣)
Over My Shouder - The Mechanics (▣)
Reflections of May Live - Marmelade (▣)
All I Have To Do Is Dream - The Everly Brothers (▣)
Star Man - David Bowie (▣)
The Sound of Silence - Simon & Garfunkel (▣)
A Whiter Shade of Pale - Procol Harum (▣)
You Can Do Magic - America (▣)
No More 'I Love You's' - Annie Lennox (▣)
Dj Bobo - There is a Party (▣)
Spanish Eyes - Madonna (▣)
Animals - Maroon 5 (▣)
Stay on These Roads - A-Ha (▣)
Wish You Where Here - Bee Gees (▣)
Sea of Love - The Honetdrippers (▣)
You Know What To Do - Carly Simon (▣)
Give Me Your Heart Tonight - Shakin' Stevens (▣)
Do That To Me One More Again - Captain & Tenille (▣)
Make It With You - Bread (▣)
Wonderfull Life - Black (▣)
Journey (▣)
I Miss You - Klymaxx (▣)
Suavecito - Malo (▣)
It True - Spandau Ballet (▣)
These Dreams - Heart (▣)
It's Magic - Pilot (▣)
Its's Too Late - Carole King (▣)
Wherever You Will Go - The Calling (▣)
Stay - Jackson Browne (▣)

ELETROHITS

XXXX

DISCO

XXXX

NIKK KERSHAW

The Riddle

TERAS FOR FEARS

Head Over Heels

DEPECHE MODE

Just Can't Get Enough

OASIS

XXX

GORILLAZ

XXX

THE SMITHS

XXXX

U2

XXXX

TÍTULO FINO

XXX

PET SHOP BOYS

XXX

TÍTULO FINO

XXXX

THE HUMAN LEAGUE

XXXX

SOFT CELL

Tainted ove

THE CURE

XXX

SIMPLY RED

XXXX

TÍTULO FINO

XXX

LIHMAH

XXX

PH.d

XXXX

TALK TALK

It's My Life

KEANE

XXXX

MADNESS

XXXX

THE HOUSEMARTINS

XXXX

ERASURE

XXXX

THE FLOCK OF SEAGULLS

XXXX

KING

The Teast of Your Tears

UB 40

XXXX

THE BOLSHOI

XXXX

DURAN DURAN

XXXX

THE TEARDROP

XXXX

TTTTTTTT

XXXX

TTTTTTTT

XXXX

quarta-feira, 12 de março de 2025

CONFESSO QUE VIVI

Começarei por dizer, sobre os dias e anos de minha infância, que meu único personagem inesquecível foi a chuva. A grande chuva austral que cai como uma catarata do Pólo, desde o céu do Cabo de Hornos até a fronteira. Nesta fronteira, o Far West de minha pátria, nasci para a vida, para a terra, para a poesia e para a chuva.

Por muito que tenha andado, acho que se perdeu essa arte de chover que se exercia como um poder terrível e sutil em minha Araucanía natal. Chovia meses inteiros, anos inteiros. A chuva caía em fios como compridas agulhas de vidro que se partiam nos tetos, ou chegavam em ondas transparentes contra as janelas, e cada casa era uma nave que dificilmente chegava ao porto naquele oceano de inverno.

Esta chuva fria do sul da América não tem as rajadas impulsivas da chuva quente que cai como um látego e passa deixando o céu azul. Pelo contrário, a chuva austral tem paciência e continua sem fim, caindo do céu cinzento.

Em frente à minha casa a rua converteu-se num imenso mar de lodo. Através da chuva, vejo pela janela que uma carroça se atolou no meio da rua. Um camponês, com manta de lã negra, fustiga os bois que não podem mais avançar entre a chuva e o bano.

Pelas veredas, pisando em uma pedra e outra, contra o frio e a chuva, andávamos até o colégio. O vento levava os guarda-chuvas. Os impermeáveis eram caros, as luvas me incomodavam, os sapatos se encharcavam. Sempre recordarei as meias molhadas junto à lareira e muitos sapatos expelindo vapor como pequenas locomotivas. Depois vinham as inundações sobre os povoados onde vivia a gente mais pobre, junto ao rio. Também a terra se sacudia, trêmula. Outras vezes, na cordilheira assomava um penacho de luz terrível: o vulcão Llaima despertava.

sábado, 5 de outubro de 2024

SOB AS FOLHAS DE ARARUTA

Ao concluir, eu reflito sobre minha experiência de criança, quando eu ia a um riacho próximo de nossa casa para trazer água para minha mãe. Eu bebia a água diretamente do riacho. Brincando em volta das folhas de araruta, eu tentava em vão pegar cordões de ovos de sapo, acreditando que fossem colares. Mas toda vez que eu colocava meu dedo por baixo deles, eles quebravam. Depois, eu vi milhares de girinos: pretos, energéticos e serpenteando nas claras águas contra o fundo areia marrom. Este é o mundo eu herdei de meus pais. Hoje, quase 50 anos depois, o riacho está seco, as mulheres caminham longas distâncias à busca da água, que nem sempre é limpa, e as crianças nunca saberão o que elas perderam. O desafio é restaurar o lar dos girinos e devolver às nossas crianças o mundo de beleza e esplendor (ORIGINAL).

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

UMA IDEIA TODA AZUL

Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul. Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore. Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia. Quem jamais saberia que já tinha dono? Com a ideia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo. Portas fechadas, e o silêncio. Que sala escolher? Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono. Abriu. Na sala acolchoada, os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta. A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela. O tempo correu seus anos. Ideias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins. Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar e o libertaram do manto. Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente. – Ninguém mais se ocupa de mim – dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo – ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha linda ideia e guardá-la só para mim. Abriu a porta, levantou o cortinado. Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia. Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia. Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza. Depois baixou o cortinado, e deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta. (COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. São Paulo, Global, 2005.)