domingo, 10 de agosto de 2025

O GRITO DA QUIMERA

Essa é a história de um lenhador e seu fantasma. Um fantasma de muitos rostos ocultos, nem do mal, nem do bem, criado no mais profundo íntimo do coração do lenhador, um lenhador sem nome, um 'handy man', um 'nowhere man'.

Mas isso também fala da condição humana, da efemeridade da existencia, dos laços em vida, da força do sistema, seu poder, suas leis, seu estilo próprio de impor que todos se sujeitem às suas regras.

E a cada dia, por 400 dias, o espírito já atormentara o lenhador. Aquele espírito surgiu pélo sopro do mal, mas ele não foi enviado para aquele propósito. Esse fantasma era um pedaço da alma do lenhador, era uma face sua, um cancer surgido no seu subconsciente, uma mistura de suas decisões com elementos complexos, que remontam da sua estrutura cerebral, sua criação, e seu escape perante um mundo e um sistema no qual o lenhador não se encaixava.

Ninguém é perfeito, e todos nós cometemos erros. Ao entregar parte de sua alma atormentada ao Anjo do Mal, com uma componete consciente, e uma componente de buscar paz, a condição errada humana infelizmente não livraria a alma do lenhador do julgamento dos sábios das leis diáconas.

O tempo é uma resposta magnífica para as tormentas do lenhador.

O resto é história.

O resto é história.

O resto é história.

quarta-feira, 12 de março de 2025

CONFESSO QUE VIVI

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sábado, 5 de outubro de 2024

SOB AS FOLHAS DE ARARUTA

Ao concluir, eu reflito sobre minha experiência de criança, quando eu ia a um riacho próximo de nossa casa para trazer água para minha mãe. Eu bebia a água diretamente do riacho. Brincando em volta das folhas de araruta, eu tentava em vão pegar cordões de ovos de sapo, acreditando que fossem colares. Mas toda vez que eu colocava meu dedo por baixo deles, eles quebravam. Depois, eu vi milhares de girinos: pretos, energéticos e serpenteando nas claras águas contra o fundo areia marrom. Este é o mundo eu herdei de meus pais. Hoje, quase 50 anos depois, o riacho está seco, as mulheres caminham longas distâncias à busca da água, que nem sempre é limpa, e as crianças nunca saberão o que elas perderam. O desafio é restaurar o lar dos girinos e devolver às nossas crianças o mundo de beleza e esplendor (ORIGINAL).

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

UMA IDEIA TODA AZUL

Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul. Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore. Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia. Quem jamais saberia que já tinha dono? Com a ideia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo. Portas fechadas, e o silêncio. Que sala escolher? Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono. Abriu. Na sala acolchoada, os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta. A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela. O tempo correu seus anos. Ideias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins. Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar e o libertaram do manto. Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente. – Ninguém mais se ocupa de mim – dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo – ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha linda ideia e guardá-la só para mim. Abriu a porta, levantou o cortinado. Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia. Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia. Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza. Depois baixou o cortinado, e deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta. (COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. São Paulo, Global, 2005.)